Pedalada Inclusiva com Álvaro Souza


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Nesse domingo, 17 de Agosto, realizamos a primeira pedalada inclusiva durante a pandemia da Covid-19.

Nossa atividade aconteceu respeitando todas as regras exigidas pelos órgãos de saúde dentro da liberação de atividades da cidade. Passei mais de 100 dias em isolamento, montei um arsenal de limpeza para desinfectar de tudo que entrava em casa, mas infelizmente no início de julho ao realizar exames de rotina, que incluíram o teste sorológico para Covid-19, descobri que já havia passado pela doença. Não percebi nenhum sintoma, fiz outro exame do programa de saúde do Estado e recentemente outra sorologia e, de acordo com os especialistas que apresentei meus exames, não sou agente transmissor nesse momento.

Álvaro Souza é cego e, juntamente com Rodrigo Souza, toca a iniciativa Pedala Junto, da qual somos parceiros nas atividades com deficientes visuais. Nesse tempo de pandemia e isolamento – não gosto de usar a expressão “isolamento social”, pois acredito que o distanciamento é necessário, mas diante dos dispositivos via Internet que temos, o isolamento social é uma opção, não uma obrigatoriedade. Se quiser falar comigo, clique aqui, existem muitas formas para manter contato à distância.

#pracegover Bicicleta tandem dos Pedalentos à esquerda com roda traseira desconectada da bicicleta para conserto do pneu furado. Álvaro em pé à direita aguardando o Fábio realizar o conserto. Ao fundo painéis de grafite do Boulervard Olímpico.

Apesar do dia nublado, que contou com uma garoa no início da pedalada, tudo fluiu muito bem. Álvaro, que não pedalada desde o início do isolamento, se manteve firme no propósito, “Vamos em frente, mesmo com chuva, preciso pedalar mesmo que fique molhado, vamos!” Assim começamos nossa pedalada pelo centro da cidade do Rio de Janeiro, pegamos a chuva no início, mas ela logo se dissipou e o vento secou nossas roupas e a sensação de liberdade se instalou por completo. Quem costuma viajar de bicicleta sabe que esse tipo de situação é bem comum, precisamos ser firmes e seguir em frente.

Temos muito pra contar, muito mesmo. Eu sempre aprendo lições valiosas com as pessoas que convivem com limitações físicas, dessa vez, compartilho com vocês um diálogo que tive com o Álvaro:

Álvaro, como você faz para pagar contas, consegue identificar cédulas, usa cartão?

Fábio, uso dinheiro e não enxergo nada (risos). Minha companheira coloca notas de alto valor num compartimento separado na carteira e as de baixo valor em outro. Assim tenho uma noção, mas eu preciso confiar nas pessoas.

Álvaro, mas você já passou por alguma situação na qual foi enganado?

Fábio, sim, infelizmente. Vou te contar, certa vez uma pessoa percebeu que um vendedor havia feito um troco errado e me devolveu, de propósito, um valor menor. Quando me afastei do vendedor, essa pessoa se aproximou e comentou o que havia ocorrido, daí eu respondi: Eu estou na escuridão, ele está nas trevas. Deixa que o universo dá conta disso.

Ufas! jamais esquecerei essas palavras.
Fiquem bem, se protejam, usem máscaras, cuidem!
Tudo isso vai passar, fique atento à saúde mental, a sua e das pessoas próximas, em tempos de pandemia, de isolamento, precisamos redobrar nossa atenção nessa questão. Pedalar é uma forma de se manter em ordem, por dentro e por fora. Se precisar de ajuda, fale comigo!


Em tempo, em breve nosso triciclo será adaptado para levar pessoas que não podem pedalar, como cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida e idosos com problemas de articulações. Se você quiser colaborar com esse projeto, clique aqui.

#pracegover Triciclo laranja em primeiro plano com Museu do Amanhã ao fundo.

Esse triciclo da foto acima, será transformado para ficar parecido com o da foto abaixo.

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